quarta-feira, 26 de maio de 2010

Ser MAR ...

Sob os efeitos lunares, transbordo... 
E por mais que meus líquidos vazem 
A cada sol, em sal se recompõem 
Pondo-me novamente no turbilhão 
De cheia e vazante e marés infindas 
Ondas e ondas e ondas que engolem 
E vomitam espumas de fel, de mel 
De ar, de céu, de sol, de terra, vento 
E o alento que me cobre é essa brisa 
Serena e morna que vem, toda tarde, 
Sem fazer alarde, beijar a minha alma, 
Lavar a minha boca e me devolver 
À luta de mais uma noite e um dia 
Contra essa doce agonia que é ser Mar
                                            (LenaFerreira)

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